6.4.05

O Passado

Quem és tu que rondas a minha vida?
Tirando-me o sossego;
És fantasma e de ti tenho medo.
Porque te ris de mim!
Sois por ventura o ódio, o remorso, ou o amor?

Dando-me a sensação de farrapo humano.
Dizes-me porque caminhas a par comigo,
Diga-me quem és, e pôr pior dos companheiros;
Me conformarei.
Se és rei da minha vida, com prazer serei vassalo.
Mas pôr Deus diga-me quem é.

Não sou seu rei, nem és meu vassalo,
Não sou ódio, e nem tão pouco o amor,
Não sou nada e sou tudo,
Pois sou o passado.

Eu morri, porque não me enterrastes?
Tu me chamas, clamas pôr mim.
E assustas com a minha chegada.

Façamos um tratado de paz
Enterra-me em rosas perfumadas
E segue feliz a tua estrada.

Obra mediúnica de Dagmar Lemos Baurich
São Paulo, 13-9-1951